3 de jul. de 2011

Minha segunda gravidez,meu filho e sua história de saúde-PRIMEIRA PARTE.





É muito importante que eu possa relatar a historia de transformação de saúde que sofreu o meu filho adolescente de dezessete anos.
Vivíamos numa constante briga em razão da minha insistência para mudar-lhe os hábitos alimentares, abolir da sua dieta, os malditos refrigerantes, o pão de farinha refinada e introduzir pelo menos o arroz integral, mas, por mais que eu tentasse, ele era resistente, petulante, não concordava.
Dia após dia eu presenciava a dilatação do seu intestino e me perguntava: Como era possível uma criança de apenas doze,treze anos sofrer com intestino dilatado, fezes duras, difíceis de serem eliminadas? Embora ele sempre tenha gostado de saladas de folhas verdes, hortaliças de um modo geral que ajudam o trabalho do intestino, pela quantidade de fibras que possuem, ele continuava daquele estado crítico. Entupia cada sanitário onde usasse o banheiro. Eu morria de vergonha por que era um caso atípico para um garoto.
Preciso contar antes de continuar a falar desta mudança na vida do meu filho, sobre como foi minha dieta na gravidez dele. Lembro-me bem do que gostava e do que eu não suportava comer e beber. Açúcar era ainda necessário, tudo que deveria ser doce era doce, adoçado com açúcar ora cristal, ora refinado por que eu compreendia que assim deveria ser e que não faria mal algum nem a mim e nem ao bebê.  Aboli o consumo de café, reduzi o consumo de cerveja dando preferência somente a cerveja preta e doce que diziam ser a melhor para a lactação (mito), creio eu hoje.
A minha alimentação passou a ser repleta de vegetais, eu os consumia como uma largata ou um coelho. Devorava pratos de salada de chicória, temperada com limão, sal (refinado) e azeite (ignorava a importância do pH alcalino dos alimentos, da água e das bebidas de um modo geral). No começo da gravidez, desejei comer peixes crus, porém, ao invés de buscar cuidadosamente um bom filé de salmão, optei por um prato de filé de pescada, temperado com pimenta do reino, sal, limão, cebola e azeite. Uma idéia nada saudável, apenas a realização de um desejo daquele momento. A gravidez seguiu aparentemente normal até os quatro meses. Sofri modificações estranhas no comportamento, sistema nervoso extremamente alterado, agressividade, enjôos terríveis, insônia, entre outros tantos distúrbios emocionais como pavor da presença do meu marido, repúdio total por ele o qual eu não sei ainda explicar e nenhum medico que eu tenha consultado daquela época até hoje. Isso só reforça a minha tese de que nem tudo a medicina sabe resolver ou explicar.
No inicio do quarto mês, sofri um deslocamento de placenta com pequeno sangramento. O médico me recomendou repouso, me prescreveu uma medicação estranha, um anti-histaminico para segurar o feto, mas nada disse sobre a minha dieta e sobre meu estado emocional, nervoso.
Tudo parecia bem, eu comia muito, engordava muito também. Uma veia estourou dentro da minha vagina, isso me causava enorme desconforto. Como eu não suportava a presença do meu marido, não havia vida sexual ativa neste período embora minha libido estivesse muito alterada. Talvez até isso explique a minha agressividade, minha insônia, a depressão e a falta de controle das emoções.
Vou fazer observações por assunto:
Recordo-me os bolos de fubá que eu fazia para o café da manhã, couve flor empanada com queijo frita em óleo quente, bolos de chocolate com amendoim, doces, canjica, e muitas outras guloseimas, pratos gordurosos, calóricos que eu adorava preparar e comer. Quando estava próxima do sétimo mês, entrei em depressão, sofria muito, chorava,sentia o corpo coçar muito á noite antes de dormir, em partes distintas: Coxas, nádegas, costas e antebraço. Coçava tanto que a pele avermelhava-se e apresentava inchaço. Certa tarde, não suportando, recorri a um hospital para pedir ajuda. As condições econômicas na época somente me possibilitavam usar a rede pública de saúde que sempre foi e é caótica. Como era domingo à tarde, Uma atendente deitou-me numa maca e desapareceu. Fiquei ali por umas duas ou três horas, isolada, sozinha, meu marido lá fora sem saber de nada enquanto nenhum médico ou enfermeira vinha ver-me ou ajudar-me.
Depois de ter permanecido ali em total descaso do hospital e seus profissionais de saúde, uma jovem veio ver-me apresentando-se como médica, o que até hoje duvido. Ela, depois de me ouvir e presenciar meu estado nervoso abalado, pois eu chorava de angustia e de raiva pelo tempo que fora deixada sozinha naquela mesa maldita, ela prescreveu simplesmente uma pasta dágua para ser aplicada nas irritações da pele e um calmante natural chamado Passiflorini. Nenhum deles solucionou o problema. De volta para casa, o sofrimento persistiu as coceiras, a depressão, a tristeza e uma enorme rejeição ao meu filho que ali eu já sabia ser um menino que gerava grande, forte e que estava na posição de nascer desde o quinto mês.
Eu o sentia seus movimentos na minha barriga com uma força que me parecia balançar meu o corpo. Podia sentir como era forte, porém eu sentia medo da sua chegada, eu o rejeitava por que temia tudo o que poderíamos sofrer juntos. Eu não amava seu pai, o rejeitava, na verdade. Ele, meu marido era alcoólatra. Eu estava desempregada, pagávamos aluguel, eu já tinha uma filha que fora muito doente também e eu já estava perto de completar trinta e quatro anos.
No final da gravidez que só durou até o oitavo mês, eu pesava sessenta e seis quilos, valendo observar aqui que minha altura é de um metro e cinqüenta centímetros. Eu pesava então dez quilos a mais do que pesei no final da minha primeira gestação. A diferença de uma gestação para outra fora de oito anos.

Como eu disse anteriormente aqui, eu comia tudo que gostava e que desejava comer, porém, não sabendo explicar como, meu organismo não aceitava as mesmas coisas que comia durante a primeira gestação. Reduzi por intuição ou instinto o consumo de doces, o consumo total de café, de carnes vermelhas, de bebida alcoólica, de refrigerantes. Eu caminhava horas a fio da rua onde morava até lugares bem longícuos do bairro, subindo e descendo ruas de ladeiras, tão comuns em Minas Gerais.
Na minha última consulta ao ginecologista, este programou meu parto para o dia três de novembro, estávamos no começo de Outubro, um calor insuportável. Meus pés estavam bem inchados e as pernas também. Sentia a barriga mais baixa depois do dia vinte de outubro. Eu sentira uns dois meses antes, movimentos estranhos na minha barriga como se o bebê houvesse voltado para a posição anterior. No dia vinte e sete de Outubro, fazia muito calor, o tempo estava abafado, um mormaço intenso incomodava naquele dia. Caminhei até uma vila para procurar uma jovem que cuidara da minha filha há uns anos atrás, queria que ela me ajudasse quando o bebê nascesse. O caminho até sua casa era longo. Calçada com tênis de amortecedor de impacto, meias Kendall de suave compressão, fui até lá. Na volta, ainda caminhando, cheguei em casa exausta, sentindo tanto calor que mal suportava. Fui á casa da minha vizinha e amiga Wilma, pedi a sua empregada um pouco de comida pronta. Ela me deu maionese com cenoura e batatas, arroz branco. Em casa, comi com dificuldades porque o estomago parecia pressionado pelo bebê. Recostei em um travesseiro após um banho refrescante, ergui bem a cabeça e as costas para conseguir repousar um pouco. A pressão arterial parecia ter baixado. Adormeci profundamente não sei por quanto tempo, talvez duas horas. Eu deveria buscar minha filha na escola às 16 horas, era sexta feira, dia vinte e sete  de Outubro de mil novecentos e noventa e três. Tomei um longo banho frio, vesti-me confortavelmente com uma camiseta de malha de algodão puro, uma bermuda de coton e nos pés, tênis de caminhada com amortecedor, recordo-me que era um da marca Rainha modelo Systen, o mais leve e melhor que pude comprar. Subi a rua que me levaria de casa ao colégio de minha filha, caminharia entre quinze a vinte minutos. Quando lá cheguei, estava irritada, cansada, sentindo-me pesada demais. Sentei-me na escada do antigo consultório odontológico da escola e ali, desabafei-me com uma merendeira dizendo: Não agüento mais carregar esta barriga! “Quando este menino nascer, eu o deixarei no hospital.” Foram palavras ditas por impulso, sem responsabilidade alguma, porém poderosas. Meu filho deve tê-las ouvido bem, pois naquele exato momento, a bolsa rompeu-se e eu comecei a perder o líquido amniótico. O sinal para a saída da aula tocara também no mesmo momento, as crianças começaram a sair correndo, minha filha veio ao meu encontro com suas amigas e eu então lhe contei que seu irmãozinho estava chegando. Todas as crianças abraçaram-me a barriga numa cena linda e comovente. Uma delas, a Daniele disse-me: Meu irmãozinho vai nascer que bom!
Deixei minha filha na casa do seu pai que era bem perto da escola, tomei um táxi para casa, precisava tomar banho, me trocar rapidamente. O táxi ficara todo molhado, mas o taxista me esperou assim mesmo para me conduzir ao hospital. Conforme eu relatei antes, minha cesária estava marcada para o dia três de novembro, Dr. Scketino meu medico, acreditava que eu não conseguiria ter um parto normal uma vez que o anterior fora cesário. Ao chegar ao hospital, precisei aguardar por quase duas horas por que o medico tinha duas gestantes para operar antes de mim.
Meu filho nasceu às dezoito horas e quarenta minutos do dia vinte e sete de outubro de mil novecentos e noventa e três, pesando três quilos e medindo quarenta e três centímetros. Soube somente na manhã seguinte que ele nascera cianótico (Com grave dificuldade respiratória) Pulmões ainda colados  em razão do parto prematuro.
Uma alegria seguida de tensão, sofrimento e dor. A minha situação emocional agravou o estado de saúde e a recuperação tornou-se lenta. Recebi alta no segundo dia, porém meu bebê ficou na incubadora tomando soro, sem poder mamar.
Voltei sozinha para casa, sem meu filho nos braços.


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